O falecimento do Papa Francisco, ocorrido às 7h35 (horário de Roma) na manhã desta segunda-feira (21), marca um momento de profunda tristeza e reflexão para católicos ao redor do mundo. Francisco não apenas foi o primeiro pontífice da América Latina, mas também o 266º líder da Igreja Católica, assumindo o papado em 2013. Ao longo de suas doze anos de pontificado, ele se destacou por sua postura acolhedora e por seu compromisso em atender aos mais necessitados.
Em Dourados, no estado de Mato Grosso do Sul, o bispo diocesano Dom Henrique Aparecido de Lima compartilhou suas lembranças sobre o impacto que Francisco teve na Igreja e na sociedade. Com um olhar sensível e preenchido de gratidão, Dom Henrique refletiu sobre o legado deixado pelo Papa. “Nesses 12 anos, graças a Deus, foram muitas coisas feitas. É um Papa que trabalhou muito pela lei da unidade da própria Igreja, como também pela unidade das pessoas de outras religiões. Sempre voltado para os necessitados. Na questão das guerras, sempre teve seu parecer não favorável”, destacou. Esta visão deixa claro que Francisco foi um defensor incansável da paz e do diálogo inter-religioso, tendo promovido um cristianismo que se preocupa essencialmente com o próximo.
A trajetória de Francisco é marcada por ações concretas. Seu trabalho social foi amplamente reconhecido, e muitos o consideravam o “Papa da Caridade” e “Papa da Misericórdia”, títulos que refletem sua dedicação em aliviar o sofrimento dos mais vulneráveis. Dom Henrique recorda um encontro significativo que teve com o Papa em 2016, logo após sua nomeação como bispo. “Quando fui eleito bispo, participei da formação para novos bispos em 2016 e tivemos uma audiência com ele”, relembrou. Este contato pessoal ressoa como uma oportunidade única de absorver ensinamentos diretos de um líder que encarnava a mensagem de acolhimento e humildade.
A humildade foi um dos traços mais evidentes da personalidade de Francisco e uma lição duradoura, segundo Dom Henrique. “Humildade, comunhão, o respeito um ao outro, a questão do cuidado com os necessitados, cuidado com a natureza… essa humildade acaba exercendo esses papéis”, afirmou. Essa visão da humildade não é apenas uma característica pessoal, mas um convite à reflexão sobre como todos podem praticar a compaixão e o respeito nas suas relações diárias.
Em resposta ao falecimento do Papa, a Diocese de Dourados está organizando uma missa em sufrágio, marcada para a próxima sexta-feira (25), às 19h, na Catedral Diocesana Nossa Senhora da Conceição. Dom Henrique presidirá a celebração, que contará com a participação das paróquias da região em um momento de luto e oração.
O futuro da Igreja Católica, porém, traz um cenário de incerteza com a questão da sucessão papal. Durante uma conversa sobre o que esperar do futuro da Igreja, Dom Henrique enfatizou que cada papa traz sua própria visão. “Quando morre um pontífice, todos aqueles que estavam no serviço com ele automaticamente são destituídos”, alertou. Isso implica que o novo líder espiritual terá a responsabilidade de estabelecer um novo rumo tanto para a Igreja quanto para os fiéis.
Dom Henrique explicou ainda que o conclave será convocado cerca de 15 dias após o funeral de Francisco, embora esse prazo possa variar. “Para eleger um papa, precisa de dois terços dos votos, 75%. Se não houver avanço, dá-se um tempo para celebrações e orações”, disse. O conclave, cuja palavra origina-se do latim “cum clavis”, que significa “fechado com chave”, é um processo cuidadosamente guardado, que isola os cardeais eleitores em um ambiente de oração e tradição, longe de interferências externas.
Com o falecimento do Papa Francisco, já surgem diferentes especulações sobre quem pode assumir a liderança da Igreja Católica. Entre os principais nomes estão Jean-Marc Aveline, arcebispo de Marselha, e Cardeal Pietro Parolin, atual secretário de Estado do Vaticano. Outros nomes mencionados incluem o Cardeal Mario Grech e o Cardeal Luis Antonio Gokim Tagle, reforçando a diversidade de possibilidades para a nova gestão da Igreja.
O mundo católico agora entra em um tempo de oração, reflexão e preparação para a escolha do novo líder espiritual de mais de um bilhão de fiéis. A lembrança de Francisco perdurará, não apenas por suas iniciativas humanitárias, mas também pela mensagem de esperança e unidade que deixou como testamento. Que este momento sirva para relembrar a importância de lideranças que, como o Papa Francisco, foram verdadeiros agentes de mudança e compaixão.