O mercado hortigranjeiro brasileiro está passando por um momento de mudanças significativas, conforme revela o recente Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), divulgado nesta quinta-feira, 23 de janeiro de 2025, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Este relatório destaca a dinâmica de preços de diversos produtos agrícolas, trazendo à tona a alta expressiva nos preços da cebola, cenoura e tomate, enquanto a batata apresentou uma queda considerável.
A Conab desempenha um papel crucial na monitorização dos itens consumidos pelas famílias, com a finalidade de garantir um equilíbrio entre a rentabilidade dos produtores e a acessibilidade para os consumidores. A entidade não apenas avalia os preços, mas também toma medidas para formar estoques de grãos, assegurando uma oferta estável e preços justos.
De acordo com os dados mais recentes, o preço da batata tem demonstrado uma trajetória de queda desde julho de 2024. Após apresentar uma leve alta em novembro devido à diminuição da oferta, os preços retrocederam de maneira significativa no mês de dezembro. A média ponderada dos preços coletados nas Centrais de Abastecimento (Ceasas) caiu impressionantes 27,33% em comparação com o mês anterior. Essa redução é atribuída a uma maior oferta no estado do Paraná, o que foi determinante para essa baixa nos preços do tubérculo.
Em contraste, a cebola registrou uma recuperação nos preços, fruto das mudanças sazonais no mercado. A transição da safra provocou ajustes nos custos, levando a Região Sul a se tornar o principal fornecedor de cebola no Brasil durante o mês de dezembro, após uma longa fase de queda de preços. Esse fenômeno destaca a importância da sazonalidade na definição dos preços, evidenciando que as oscilações são parte integrante do funcionamento do mercado agrícola.
A cenoura, por sua vez, segue a tendência de alta, apresentando aumentos nos preços pelo segundo mês consecutivo. Essa variação é explicada pela concentração de oferta em Minas Gerais, enquanto os estados da Bahia e Goiás enviaram quantidades reduzidas para o mercado. Essa dinâmica evidencia os desafios enfrentados pelos produtores em termos de logística e distribuição.
Outro produto que merece destaque é o tomate, que registrou um aumento superior a 18% em seus preços na comparação de dezembro com novembro. A Conab aponta que esse aumento está relacionado à abundância de oferta observada no segundo semestre do ano anterior, que inicialmente havia levado a uma redução de preços, mas que ultimamente foi revertida.
Além dos vegetais, o boletim também analisou o cenário das frutas. A banana, por exemplo, viu seus preços elevados devido à diminuição da oferta, enquanto a maçã, embora tenha apresentado altas, sofreu uma queda na comercialização. Os estoques de maçã estão praticamente esgotados, o que leva à pressão sobre os preços, mesmo em um contexto de demanda estável.
No segmento da melancia, os preços oscilaram, acompanhados de uma queda nas vendas, consequência da estagnação da demanda em vários centros consumidores, exacerbada pela influência das chuvas e das baixas temperaturas. Isso demonstra como fatores climáticos podem impactar diretamente o mercado, criando desafios tanto para consumidores quanto para produtores.
Por fim, o preço da laranja também experimentou uma queda, embora ainda esteja em um patamar elevado, enquanto o mamão viu uma redução na comercialização nas Ceasas, culminando em elevações nos preços. Esse fenômeno é, de acordo com a Conab, reflexo de uma colheita menos abundante das variedades papaia e formosa.
Justamente por essa complexidade nas relações de oferta e demanda dos produtos agrícolas, o monitoramento contínuo e a análise detalhada por parte da Conab se tornam essenciais para um entendimento mais profundo e uma melhor prevenção de crises futuras no setor hortigranjeiro brasileiro. Ao aprofundar a compreensão de como o mercado reage a variáveis sazonais e climáticas, as políticas públicas podem ser mais eficazes, garantindo que tanto produtores quanto consumidores saiam beneficiados.