O cenário dos roubos de celulares em Mato Grosso do Sul trouxe uma boa notícia recentemente: houve uma queda de 14,2% entre 2022 e 2023, conforme revelam os dados contidos no Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024. Essa diminuição é significativa, já que a taxa de roubo caiu de 47,7 para 41 casos a cada 100 mil habitantes no estado. Este resultado é um alívio para muitos cidadãos que, ao longo dos anos, têm sofrido com a insegurança trazida por esse tipo de crime.
A redução nos roubos de celulares é resultado de diversas ações implementadas para combater a criminalidade, especialmente porque os furto e roubo de aparelhos móveis são considerados uma das portas de entrada do crime organizado no ambiente digital. O impacto desses delitos sobre a sensação de segurança da população é bem documentado. Cada aparelho furtado não apenas representa uma perda para o proprietário, mas também alimenta redes de revenda ilegais que se aproveitam da vulnerabilidade dos cidadãos.
Nesse contexto, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) introduziu uma nova etapa do programa Celular Seguro, um esforço que visa fortalecer as medidas de prevenção e recuperação de aparelhos roubados. O programa agora inclui uma funcionalidade inovadora que envia alertas automáticos via WhatsApp aos usuários, sempre que um aparelho registrado é detectado em uso indevido. Este sistema é acionado assim que um chip novo é inserido em um celular com restrição, proporcionando orientações instantâneas através de mensagens automáticas.
Para quem se depara com essa situação, as instruções são claras: o indivíduo deve visitar o site www.gov.br/celularseguro e apresentar-se a uma delegacia com a nota fiscal ou outro documento que comprove a posse legal do aparelho. Caso não consiga justificar a origem do celular, a devolução poderá ser exigida. O secretário-executivo do MJSP, Manoel Carlos de Almeida Neto, enfatiza que o objetivo principal da iniciativa não é punir os consumidores desavisados, mas sim desarticular as redes criminosas que sustentam essa prática.
Além disso, o programa orienta que os consumidores, antes de adquirir qualquer dispositivo usado, consultem gratuitamente a situação do celular através do IMEI, um número único que identifica cada aparelho. Esse procedimento é simples e pode ser feito digitando *#06# no telefone, com a checagem disponível nos sites do Celular Seguro ou da Anatel.
Apesar da queda nos roubos, vale ressaltar que os furtos de celulares em Mato Grosso do Sul registraram uma leve alta, passando de 120,1 para 124,3 casos a cada 100 mil habitantes entre 2022 e 2023. Contudo, mesmo com esse aumento, o estado não aparece entre as 50 cidades com mais altos índices de roubos ou furtos de celulares, que incluem municípios de diversas regiões do Brasil.
A nível nacional, os dados também revelam tendências interessantes: o Brasil registrou 442,9 mil furtos de celulares em 2023 – uma redução de 10,1% em relação ao ano anterior. Enquanto isso, o número de roubos permaneceu relativamente estável, com 494 mil ocorrências em 2023 contra 490 mil em 2022. Segundo o Anuário, 12 estados conseguiram ver uma redução nas taxas de roubo, enquanto 21 notaram diminuições no número de furtos.
No entanto, a realidade ainda é preocupante em certas regiões. O Amazonas, por exemplo, apresentou a maior taxa proporcional de ocorrências de roubos, com 1.075 casos para cada 100 mil habitantes. Manaus, sua capital, está no topo da lista nacional, com taxas alarmantes de 2.096,3 ocorrências. Outras cidades que ocupam as primeiras posições incluem Teresina, São Paulo, Salvador e Lauro de Freitas, todas com índices elevados de violência.
Ainda mais alarmante é o caráter global do problema. Dados internacionais mostram que, no Reino Unido, os roubos e furtos de celulares aumentaram 20% em 2023, somando cerca de 52 mil aparelhos subtraídos apenas em Londres. Nos Estados Unidos, os números são igualmente preocupantes, com 60% dos roubos em São Francisco envolvendo celulares. Esse aspecto global costuma estar ligado a redes transnacionais que operam de forma organizada, movimentando grandes quantias em dinheiro.
Conforme abordado pela Interpol, o esquema de receptação na América Latina, já em 2014, movimentava aproximadamente US$ 500 mil por dia. As conexões entre países, como Brasil, Colômbia, Peru, Venezuela, Chile, Equador e México, evidenciam a necessidade de ações coordenadas para combater tão rico comércio ilegal. Muitas vezes, os aparelhos furtados têm destinos em países africanos, como Angola e Nigéria, onde é difícil atuar com bloqueios efetivos.
Para minimizar esses riscos e combater a criminalidade, autoridades aconselham a população a adotar algumas práticas preventivas. Elas incluem evitar comprar aparelhos sem nota fiscal e optar por vendedores confiáveis, além de manter a nota em um local seguro. É igualmente crucial cadastrar o aparelho em um sistema de recuperação imediatamente após perceber o roubo ou furto, para aumentar as chances de reaver o bem e não sustentar o comércio ilegal.
Com medidas contínuas e a participação ativa da sociedade, podemos almejar um cenário mais seguro, onde os celulares – essenciais em nosso dia a dia – não sejam sinônimo de insegurança.